sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

As profissões ameaçadas pelos avanços tecnológicos



Direito de imagemGETTY IMAGESImage caption
Sobreviverão somente os arquitetos que fizerem trabalhos criativos, segundo o autor de um livro sobre carreiras que tendem a desaparecer.

"Qualquer trabalho que seja rotineiro ou previsível, será feito por um algoritmo matemático dentro de cinco ou dez anos."

Essa é a previsão do americano John Pugliano, o polêmico autor de The Robots are Coming: A Human's Survival Guide to Profiting in the Age of Automation ("Os robôs estão vindo: Um guia de sobrevivência humana para lucrar na era da automatização"), ao menos nos países desenvolvidos.

Em conversa com a BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Pugliano diz que, assim como nas últimas décadas trabalhos realizados por operários em fábricas foram substituídos pelo avanço tecnológico, profissões altamente qualificadas, que até então não pareciam tão ameaçadas, também correm o risco de desaparecer.

A tese é polêmica, porque contempla carreiras que seguem sendo consideradas imprescindíveis na maior parte do mundo e que normalmente não estão listadas entre as ameaçadas.

"Os médicos e os advogados não vão desaparecer. Mas uma parte de seu campo laboral será reduzida", opina Pugliano, que é fundador da consultoria de investimentos americana Investable Wealth.

Ainda que pareça ser catastrofista, o americano diz acreditar que haverá novas oportunidades para as pessoas que sejam capazes de resolver problemas inesperados, antecipar-se ao que pode ocorrer, assumir riscos e dar respostas criativas.

Tudo aquilo que, em teoria, um algoritmo não possa solucionar.

Direito de imagemGETTY IMAGESImage caption
Os especialistas em segurança virtual serão os profissionais mais requisitados nos próximos anos, segndo o autor

Mas onde estarão as oportunidades de trabalho?

"Os especialistas em segurança virtual serão os profissionais mais requisitados nos próximos anos", diz Pugliano. "Aqueles que podem se antecipar a possíveis ataques cibernéticos."

Mas não será o único setor. "Há áreas que têm a ver com o contato humano que são insubstituíveis por algoritmos", acrescenta, citando psicólogos, psiquiatras ou diversos tipos de trabalhadores sociais.

Eis uma lista com sete profissões ameaçadas pelo avanço tecnológico nos países desenvolvidos, segundo o autor do livro.
1. Médicos

Embora possa soar absurdo - pois os médicos são sempre requisitados e mais ainda com a atual tendência de envelhecimento da população -, Pugliano afirma que os médicos generalistas perderão terreno nos países ricos porque os diagnósticos de doenças comuns serão automatizados.

Direito de imagemGETTY IMAGESImage caption
Os clínicos gerais perderão terreno laboral nos países desenvolvidos

No entanto, continuará havendo demanda por médicos que trabalhem em salas de emergência ou outros tipos de especialistas, como cirurgiões plásticos, segundo o autor.
2. Advogados

Ele acredita que as tarefas executadas por advogados com menor nível de especialização e experiência serão efetuadas por computadores.

O advogado que trabalha em escritórios, lidando com documentos e tarefas rotineiras, terá uma diminuição no seu campo profissional.
3. Arquitetos

Pugliano diz que, com o avanço tecnológico, os arquitetos serão cada vez menos necessários para projetar construções simples.

Os que seguirão requisitados serão aqueles com habilidades artísticas, cuja capacidade criativa não possa ser substituída por uma máquina.
4. Contadores

Sobreviverão os contadores especializados em assuntos tributários mais complexos. Mas aqueles que tratam de temas mais comuns e previsíveis serão afetados pela falta de demanda.
5. Pilotos de guerra

Estão em risco, porque basicamente têm sido - e continuarão sendo - substituídos por aviões não tripulados.
6. Policiais

As funções rotineiras de vigilância hoje desempenhada por policiais com baixo nível de especialização estão sendo substituídas em países desenvolvidos por sofisticados sistemas tecnológicos.

Nunca desaparecerão, mas terão a demanda reduzida, opina Pugliano.

Direito de imagemGETTY IMAGESImage caption
Sistemas de vigilância têm substituído trabalhos tradicionalmente executados por policiais
7. Corretores de imóveis

O tradicional corretor de imóveis está perdendo espaço frente aos sites que conectam quem oferece e quem demanda serviços imobiliários, como o aluguel e a compra de casas e escritórios.

Além dessa lista de profissões, de forma geral, "os que vão desaparecer são os intermediários das empresas", diz Pugliano.

Mas, à medida em que algumas profissões perdem terreno, criam-se oportunidades para outras.

Direito de imagemGETTY IMAGESImage caption
Serão requisitados desenvolvedores de inteligência artificial e pessoas com habilidades sociais que permitam contatos humanos

Afinal, alguém terá que criar os sistemas de inteligência artificial, programar as máquinas, melhorar os algoritmos e consertar os sistemas quando falharem.

E na vida cotidiana, encanadores, eletricistas e todos aqueles que consertam avarias seguirão sendo altamente requisitados, ao menos por um bom tempo, segundo o autor.
BBC Brasil

domingo, 9 de dezembro de 2018

A jovem Malala conta sua incrível história


Reportagem de Revista VEJA desta semana mostra como a menina paquistanesa que desafiou os radicais islâmicos do Talibã por querer estudar — quase pagando com a vida por isso — se tornou símbolo da luta pela liberdade e pelos direitos da mulher. Agora, ela lança sua biografia

Malala Yousafzai recebeu prêmio em Haia em 6 de setembro (Bas Czerwinski/AFP/AFP)

Quando Malala Yousafzai nasceu, nenhum vizinho foi dar os parabéns aos seus pais. Em regiões do Paquistão como o Vale do Swat, onde ela vivia, só o nascimento de meninos é celebrado. Das meninas, espera-se apenas que vivam quietinhas atrás das cortinas, cozinhem e tenham filhos – preferencialmente antes dos 18 anos. “Malala” significa “tomada pela tristeza”. Mas a primogênita dos Yousafzai driblou duas vezes o destino: escapou da profecia do batismo e trocou as cortinas por onde deveria espreitar o mundo pelo centro do palco. Aos 12 anos, para poder continuar indo à escola, desafiou uma das mais cruéis e violentas milícias em ação, o fundamentalista Talibã. Aos 15, foi baleada na cabeça numa tentativa do grupo de silenciá-la. Malala sobreviveu ao atentado e, aos 16 anos, tornou-se porta-voz mundial de uma causa até há pouco quase obscura, entre outros motivos, por ter surgido em uma região que já parecia ter problemas demais a tratar: os milhares de meninas no Afeganistão e no Paquistão que, graças a uma interpretação do Islã eivada de ignorância e ódio, são impedidas de ter acesso à educação e a um futuro melhor. Na quinta-feira, Malala recebeu o prêmio Sakharov, dado pelo Parlamento Europeu. Na sexta, concorreu ao Nobel da Paz como a mais jovem indicada na existência da premiação. O livro Eu Sou Malala (Companhia das Letras; 344 páginas; 34,50 reais, ou 24 reais na versão digital), a ser lançado no Brasil neste mês, conta como essa história improvável e extraordinária aconteceu.

Nele, Malala relata que cresceu em um lar barulhento, lotado de tios, primos e agregados. As crianças jogavam críquete no quintal, a mãe vivia na cozinha pilando açafrão e o pai passava a maior parte do tempo fora de casa. Seria uma tradicional família paquistanesa, não fosse por um detalhe. Ziauddin Yousafzai, pai de Malala, é professor e viu na filha – curiosa e vivaz – sua aluna perfeita. Contrariando os hábitos locais, punha os meninos para dormir e deixava a garota ficar na sala, ouvindo-o falar de história e política. Ziauddin estimulou Malala a gostar de física e literatura e a se indignar com as injustiças do mundo – apresentadas a ela em toda a sua magnitude quando tinha 10 anos e o Talibã fez do Vale do Swat seu território. Sob o governo paralelo da milícia fundamentalista, os homens foram obrigados a deixar a barba crescer, as mulheres que saíam de casa desacompanhadas eram açoitadas na rua e as escolas femininas receberam ordens de fechar as portas – as que desobedeceram foram dinamitadas.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Países onde pais não podem bater nos filhos são menos violentos


Estudo mostra que punição de crianças com uma simples palmada pode causar problemas no futuro

Agência Estado

Violência gera violência. Os países que proibiram os pais de bater em seus filhos são menos violentos, revela uma nova pesquisa. De acordo com o estudo, as brigas entre jovens são menos comuns e o ambiente se torna particularmente mais seguro para as meninas crescerem. O trabalho da Universidade McGill, do Canadá, foi publicado na BMJ Open e traz mais indícios de que a punição de crianças com violência - mesmo que seja uma simples palmada - pode causar problemas no futuro. 
Continua depois da publicidade


Em países onde o castigo corporal foi inteiramente banido (tanto em casa, quanto na escola) houve uma redução de brigas físicas 31% entre os jovens do sexo masculino e de 42% entre as meninas. Nos países em que a proibição foi parcial (caso do Canadá, dos Estados Unidos e do Reino Unido, onde o castigo físico não foi proibido em casa), não houve alteração significativa.

Estudos anteriores já tinham mostrado uma clara relação entre o castigo físico das crianças e o surgimento de diversos problemas na vida adulta, desde o comportamento agressivo até problemas mentais. No estudo atual, os cientistas estabeleceram que a relação entre castigo físico e violência na juventude se mantinha, a despeito de outras variáveis, como a renda per capita e as taxas de assassinato. O novo trabalho, no entanto, não oferece mais detalhes sobre a relação.

"O que podemos dizer é que os países onde o uso do castigo corporal é proibido são menos violentos para as crianças do que os países que não fizeram o mesmo", explicou o principal autor do estudo, Frank Elgar, do Instituto de Políticas Sociais e de Saúde da McGill. "Neste momento, estamos olhando para a questão de um ponto de vista bem amplo e em nível internacional e notamos a correlação. Mas para mostrar os efeitos diretos da proibição na violência entre jovens, precisamos voltar mais alguns anos para trás e coletar mais dados. Precisamos também perguntar às crianças e aos jovens mais perguntas sobre o que acontece em casa, coisa que, normalmente, os pesquisadores ficam um pouco constrangidos de fazer."

As brigas são geralmente mais comuns entre jovens do sexo masculino (cerca de 10%) do que entre meninas (3%). O porcentual de brigas também varia muito de um país para o outro, indo de menos de 1% entre as meninas da Costa Rica para cerca de 35% dos meninos de Samoa. 

Os pesquisadores usaram dados provenientes de 88 países da Organização Mundial de Saúde (OMS), envolvendo cerca de 400 mil jovens.

Os países foram divididos entre os que proíbem completamente o castigo corporal, tanto em casa quanto na escola (a maioria na Europa e em alguns lugares da América Latina, da Ásia e da África), aqueles que proibiram nas escolas, mas não em casa (como China, Estados Unidos e Canadá) e os que não proibiram nem nas escolas (como Myanmar e Ilhas Salomão).
https://www.correiobraziliense.com.br

Os maiores mitos sobre o cérebro dos adolescentes

Nas últimas duas décadas, os cientistas conseguiram mapear as mudanças neurais verificadas ao longo desse período central do desenvolvimento...