Termos brasileiros de uso corriqueiro são tratados nos EUA como signos de uma cultura difícil de digerir | ||||||||||||||||||||||||||||||||
Edgard Murano
O texto estava na gaveta da revista havia pelo menos quatro meses. Além do senso de oportunidade em alfinetar a concorrente com sua mais gritante debilidade, a matéria Gangland ("terra das gangues") virou exemplo de deferência que os brasileiros se acostumaram a fazer ao idioma dos outros. O comum é vermos textos brasileiros inundados de estrangeirismos, alguns em alusão a conceitos tão específicos que nem sempre conseguimos tradução aceitável, de élan a dèjá vu, de round a factoring (empréstimo de dinheiro usando promissórias e cheques como garantia). Salta aos olhos a opção do jornalista Jon Lee Anderson por manter sem versão em inglês termos de língua portuguesa, como "traficantes", "cachaça", "feijoada" e "evangélica". Vocábulos que consideramos de uso cotidiano, tão banais que nem merecem atenção especial, são tratados como signos de uma cultura difícil de ser digerida por outro povo. É evidente que o recurso tem a função de acentuar o exotismo de cada expressão aos olhos estrangeiros. Mas o texto se tornou, involuntariamente, uma compilação de termos nossos que causam estranhamento à cultura anglo-saxã. - Preservar os sons originais de uma língua é vital à compreensão de uma parcela do sentido das palavras - afirma o escritor inglês Adam Jacot de Boinod. No livro Tingo (Conrad, 2008), Boinod popularizou o "turismo linguístico" ao compilar palavras de difícil tradução. Mas diferentemente de Bonoid, em Anderson as palavras preservadas estão a serviço de um estilo. Ele usa, por exemplo, "maconha", para o qual há sinônimos em inglês, mas que foi mantido intacto por expressar a riqueza sonora da variante brasileira. Gíria nacional
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quarta-feira, 9 de março de 2011
Estrangeirismo às avessas
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O que entende o americano de língua pátria, língua mãe ? mal entende o seu inglês. Recebi, noutro dia, um e-mail mostrando os livros didáticos de geografia adotados nos EU, para as crianças brasileiras que lá moram: absurdamente cheio de erros.
ResponderExcluirGostei, do estrangeirismo "às avessas",dá vontade de dizer "bem feito", quem manda a brasileirada batizar tudo aqui em inglês?
Falta amor à língua, nem se preza, nem se preserva. A língua é dinâmica, se sabe, vai se enriquecendo, mas se permitir que a descarcterize é lamentável. O estrageirismo pode coexistir com nossa língua, mas de maneira mais respeitosa, mais "suave"...
Boas matérias, professor!
Um abraço!